segunda-feira, 17 de junho de 2013

Mãe, afeiçoei-me por dois rapazes mais díspares que o destino: um é confiável, o outro pensa que é rufia. Saio à rua ou fico-me pela ideia, já que para me sentir bem preciso de um deles por companhia. Deparo-me livre, mas dependente de uma vontade agrilhoada que foge sempre que se vê tentada. Morre, esmorece e desiste, fico-me pelo mundo encantado, onde os prazeres são passageiros. Dou-me, por isso, conta que queria estar com um deles, talvez para renovar a sensação confortável que sentimos momentos antes de adormecer, sentindo o coração aconchegado e a palpitar de contente. O problema é que estes dois mais parecem um sonho: um vejo-o uma vez por semana, o outro quando calha. (Talvez seja nos intervalos das festas poligâmicas!) Enfim, são nestes momentos que me desconheço, ou reconheço que nunca me conheci. Por palavras movo montanhas, por ações nem uma única migalha. Pertenço-me, por isso, ao meu desconhecer. Mesmo que parta à procura de mim, vejo-me inalcançável. Há até quem diga que os múltiplos são mais ricos, porque desconhecidos, mas eu não vejo as coisas assim. Talvez faça ciência sempre que me tente encontrar, já que a ciência tenta comprovar objetivamente o subjetivável. Sou, por isso, a ciência de mim mesma, onde o correto torna-se incorreto. Se assim não fosse, nunca encontrar-se-ia o caminho. Caminho esse que não tem direção certa ou errada. É, enfim, uma incerteza que se tenta prolongar pela vida da minha consciência e que enuncia um fim sem respostas ou certezas.