domingo, 29 de dezembro de 2013

"Eu sou contraditório, eu sou imenso. Há multidões dentro de mim." Walt Whitman
"Eu quase que não sei de nada, mas desconfio de muita coisa." Guimarães Rosa

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A hipocrisia do Natal.

O que faz do natal um dia diferente dos outros?

A farsa de uma simpatia real, propícia desta quadra natalícia, advém de uma sociedade civilizada, que nada tem para além das suas mentiras. (Mentiras que tornam a decadência mais suportável!) A simpatia da sociedade, portanto falácia natalícia, torna os mal amados, uma vez por ano, em redentores absolvidos. Todos os outros 364 dias são vividos de indiferença. Catapultando acontecimentos, tornando-os cíclicos e impedindo uma alteração. A sociedade vê-se, por isso, obrigada a entrar no marasmo moral que camufla a indelicadeza, a arrogância e a mentira. É, enfim, este, o mais doce carinho que o natal te pode dar.
"A finalidade do mentiroso é simplesmente fascinar, deliciar, proporcionar regozijo. Ele é o fundamento da sociedade civilizada." Oscar Wilde

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

É engraçado como em tempos de crise as frases de pensadores nos perseguem, aconselham e nos assentam que nem uma luva. Curioso, não?

domingo, 15 de setembro de 2013

O segredo dos afetos

Os afetos são envergonhados e não se fazem notar. Vagueiam como vagabundos. Sem caminho. Sem destino. Anseiam e guerreiam, mas não se permeiam. São humildes e pouco pedem em troca - satisfazem-se com carinhos. Baixam armas em tempo de guerra. (Crédulos!). Jazem irreverentes, disparam balas e atingem inocentes. Defendem-se. Matam aliados e excomungam contactos. Revertem procedimentos e escondem-se entre os dentes. A sua localização é desconhecida e, por isso, perdida. Deixam de se manifestar para ninguém os encontrar. Deixam-se esquecer. Aniquilam a sua existência. Perdem o jeito de se relacionarem, despistando-se no percurso. Tornam-se solitários. Receiam arriscar e apaixonam-se sem pensar. Todo o esforço é desperdiçado, o coração abalado e o estômago dispensado. Perdem-se de si! Para os encontrar terão de pagar cem anos de azar.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Mãe, afeiçoei-me por dois rapazes mais díspares que o destino: um é confiável, o outro pensa que é rufia. Saio à rua ou fico-me pela ideia, já que para me sentir bem preciso de um deles por companhia. Deparo-me livre, mas dependente de uma vontade agrilhoada que foge sempre que se vê tentada. Morre, esmorece e desiste, fico-me pelo mundo encantado, onde os prazeres são passageiros. Dou-me, por isso, conta que queria estar com um deles, talvez para renovar a sensação confortável que sentimos momentos antes de adormecer, sentindo o coração aconchegado e a palpitar de contente. O problema é que estes dois mais parecem um sonho: um vejo-o uma vez por semana, o outro quando calha. (Talvez seja nos intervalos das festas poligâmicas!) Enfim, são nestes momentos que me desconheço, ou reconheço que nunca me conheci. Por palavras movo montanhas, por ações nem uma única migalha. Pertenço-me, por isso, ao meu desconhecer. Mesmo que parta à procura de mim, vejo-me inalcançável. Há até quem diga que os múltiplos são mais ricos, porque desconhecidos, mas eu não vejo as coisas assim. Talvez faça ciência sempre que me tente encontrar, já que a ciência tenta comprovar objetivamente o subjetivável. Sou, por isso, a ciência de mim mesma, onde o correto torna-se incorreto. Se assim não fosse, nunca encontrar-se-ia o caminho. Caminho esse que não tem direção certa ou errada. É, enfim, uma incerteza que se tenta prolongar pela vida da minha consciência e que enuncia um fim sem respostas ou certezas.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Comparo as relações humanas a um mergulho em que a profundidade é um elemento de importante interesse, visto ser ele o que nos agonia. À medida que evoluímos, descemos mais e a adaptação corporal torna-se cada vez mais desafiante, já para não falar na impossibilidade. Conseguirias viver, por exemplo, em permanente doença? Os ouvidos sempre a pronunciarem-se, sobrepondo-se à importância da tarefa. O presente torna-se passado e o agora, depois. As funções tornar-se-iam disfunções e o pânico seria visto como aparente saída, mas com ele traria o afogamento. A calma tem de ser companheira da agonia e dor, o caminho tem de ser contínuo e a adaptação um almejo. Mais tarde a consciência tornar-se-à um local calmo e agradável do qual se quererá retornar. Mas, para isso é preciso tirar o curso de mergulho e como tal, é a vida e sua paciência que ensinam em não ir ao fundo.

sábado, 27 de abril de 2013

"A verdade tem estrutura de ficção" J.Lacan

terça-feira, 23 de abril de 2013

“Cultiva o que te censuram, és tu mesmo.” Cocteau

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Há dias tempestuosos em que aparentemente nada se passa, mas cuja batalha se revela possante. São esses os dias mais dolorosos e enfáticos da existência, onde a mágoa se torna fluorescende e se faz sentir. É essa a sua maldição que acorda, cresce e se faz adormecer, perdida na escuridão da incerteza do quando. Curar-se-à esta aparente doença com o enturpecimento do adormecido, mas cujo mal não jazerá enquanto se souber vivo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

"A busca dos prazeres ou das ocupações (...) podem distrair o homem [do] pensamento fundamental da limitação da sua existência." Pascal

sábado, 16 de fevereiro de 2013

"Nada vai embora antes de nos ter ensinado o que precisamos saber." Pema Chodron

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

"O sonho é uma arte poética involuntária."  Kant

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Estou em todo o lado, porque o meu pensamento é tão rápido como a luz.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"Imaginação é mais importante que conhecimento" (Albert Einstein)
"O artista moderno tem o espírito da criança - porque, tem de ver novidade; mas, também o espírito do adulto - pois, tem de criticar tudo o que faz."

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sem o "meramente opinativo", o científico não se teria fundado!
Por mais que me revele, serei tudo aquilo que não disser. Sendo, enfim, tudo aquilo que não mostrei.
Viver dos sentimentos é rentável!
A beleza está no desconhecido - ainda que essa beleza seja respeitável!. É uma beleza da qual tenho medo, porque desconhecida e, por isso, nunca, ou poucas vezes, encontrada.
Já percebi porque ando sempre na minha bolha. Porque, eu, como todo o "género humano", prefiro a fantasia ao real. Este último mais degradante e insuportável. Contudo, é preciso estar-se ciente da farsa que é o nosso mundo e não viver afastado daquele que nos sustém ao chão. Viver, em suma, numa harmonia entre os dois mundos atingir-se-à, eventualmente, a maturidade e, assim, creio eu, a própria "emancipação" social.