sábado, 3 de julho de 2010

Eternamente inacabado

- Hoje, o mundo sorri.

(Sim, sorri, pois, também ele tem sonhos.)

- Porquê?

(Não se sabe ao certo, mas vê-se.)

- Como?

(A Natureza é parte integrante do mundo e quando se manifesta é com todo o seu coração, por isso é que nos oferece tanta magia.)

- Nós vêmo-la?

(Nem por isso; estamos mais preocupados com o que não temos e que não podemos! Porém, ela toma forma de vontade, submete a mente e auxilia no desenho, floreia e redige os seus ensinamentos.)

- … Sem nada entender …

(Tem interrupções, desaparece e adormece, é esquecida e apagada do que se conhece, mas não morre, vive! Cria obstáculos, mas não dificulta o caminho, pelo contrário, ajuda, emenda e enrigesse, mas é certo que muita coisa é perdida, outras nunca achada e o resto vive na dificuldade do encontro.)

- Parece algo inacabado!

(Sim, o começo é só um guia, ilumina e dá existência a uma história, mas deixa-nos acabá-la, porque é tudo escrito na primeira pessoa: «vive e aprende», diz, acrescentando, «dou-te existência, importância e riqueza; ensino-te teoricamente o que fazer, mas nunca como fazer. Assim, não “corto pernas” e o sonho é possível.
Vivo e dou a viver; morro, mas dou a conhecer; perco-me e sou alcançado; sou eu, o lendário destino, apelidado de caminho. Sou a vontade do todo, dos botões a rosar, abertos em título de festa; dos delicados ovinhos, sementes em testemunho do tempo e de todo o contentamento que é saborear a vida.
Vê e serás Homem, pois em terra de morto quem vive é rei e cego é gente, mais gente que outro alguém.»
O sentido comanda a vida. Quem melhor a sabe viver senão os inocentes? Na graça da incerteza tactuam o percurso, sofrem silenciosamente como ninguém, mas alcançam a magnitude, talvez na sua extrema forma. Com o ensinamento adquirido servem de exemplo vivo e dão a beber a quem quiser ver. O infortúnio mancha os que vêem por não quererem ver e abençoa os “mal amados”, faz do seu legado o messias. Diz também «por vós lutei, magoei e tirei... Lamento-me por tal decisão (retirar a visão), mas concluí, pois, que foi o melhor mandamento; foi, sim, o que vos manteve firmes e sob carris. Sei, agora, aquilo que falta, ou melhor, o que não faltará...».)

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(Eternamente inacabado)